Fiagro se Consolida como ‘Plano Safra do Mercado’ e Atrai Investidor com Juros Altos

Com a demanda do agronegócio superando os recursos do programa governamental, os FIDCs do setor ganham protagonismo ao oferecer uma fonte de financiamento complementar e rentabilidade atrativa em um cenário de Selic elevada.

O agronegócio brasileiro, motor da balança comercial do país, enfrenta anualmente um desafio estrutural: a necessidade de crédito para custeio e investimento supera, em muito, os recursos disponibilizados pelo Plano Safra do governo. Neste cenário, os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros), especialmente em seu formato de FIDC, deixaram de ser uma mera alternativa para se tornarem um pilar indispensável de financiamento para o setor.

A combinação de uma demanda aquecida por capital no campo com um ambiente de juros altos na economia criou o ecossistema perfeito para a expansão desses veículos. Eles funcionam como uma ponte estratégica, conectando a necessidade de caixa de produtores e empresas do setor ao apetite de investidores por retornos mais robustos e atrelados à economia real.

O “Gap” do Financiamento: Onde o Plano Safra Não Chega

Embora o Plano Safra 2024/2025 represente uma cifra recorde, especialistas do setor são unânimes em afirmar que o montante é insuficiente para cobrir a demanda total do agronegócio, estimada em mais de R$ 1 trilhão. Esse “gap” de centenas de bilhões de reais precisa ser preenchido por fontes alternativas, e é exatamente aí que o Fiagro-FIDC ganha tração.

Diferente do crédito tradicional, que depende de recursos controlados e subsídios, o Fiagro capta recursos no mercado de capitais. Ele “empacota” os direitos creditórios da cadeia — como duplicatas de venda de insumos, CPRs (Cédula de Produto Rural) ou contratos de arrendamento — e os transforma em cotas de um fundo, oferecidas a investidores.

“O Fiagro é a principal ferramenta da desintermediação bancária no campo”, analisa nosso especialista de mercado no FIDCnews. “Ele permite que um produtor rural ou uma cooperativa financie sua operação diretamente com investidores do mercado financeiro, com mais agilidade e, por vezes, com condições mais flexíveis que as encontradas nos canais tradicionais, que ficam sobrecarregados.”

A Atratividade para o Investidor em Tempos de Juros Altos

Do ponto de vista do investidor, o Fiagro-FIDC se tornou um dos produtos mais cobiçados da renda fixa. A razão é simples: a maioria desses fundos oferece remunerações atrativas, geralmente indexadas ao CDI mais um spread (prêmio de risco), o que garante um retorno competitivo enquanto a taxa Selic permanecer em patamares elevados.

Além da rentabilidade, o investimento tem como lastro um dos setores mais resilientes e importantes da economia brasileira. Financiar a safra, a compra de maquinário ou a expansão de um armazém é investir diretamente na produção, o que confere uma camada de segurança e tangibilidade ao capital alocado. A isenção de imposto de renda para pessoa física em muitos Fiagros (nos formatos FII e Fiagro-FIDC que se enquadram nas regras) é outro poderoso atrativo.

Perspectivas: Um Caminho de Crescimento Estrutural

O crescimento exponencial dos Fiagros nos últimos anos não é um movimento passageiro. A tendência é de uma sofisticação cada vez maior, com fundos se especializando em cadeias produtivas específicas — como café, açúcar e etanol ou proteína animal — e em diferentes teses de risco.

Enquanto a demanda do agronegócio continuar superando a oferta de crédito subsidiado, e enquanto o investidor buscar alternativas inteligentes de renda fixa, o Fiagro-FIDC continuará sua trajetória de expansão. Ele não compete com o Plano Safra, mas atua de forma complementar e decisiva, garantindo que o motor da economia brasileira não pare por falta de capital.


Fontes de Pesquisa:

Compartilhe este artigo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *