Pacote de medidas do governo chinês para reaquecer o setor imobiliário e a indústria garante demanda por aço e oferece um piso crucial para a cotação da principal commodity de exportação do Brasil.
Apesar dos sinais de desaceleração da economia chinesa, uma série de medidas de estímulo implementadas por Pequim está fornecendo um suporte vital para o preço do minério de ferro. A expectativa de analistas de mercado, como os do banco UBS, é que essa intervenção governamental seja suficiente para manter a cotação da commodity acima do patamar psicologicamente importante de US$ 100 por tonelada no curto e médio prazo.
Para o Brasil, cuja balança comercial e contas públicas são altamente dependentes do minério, a notícia funciona como um importante contrapeso às incertezas. A resiliência do preço da commodity, impulsionada pela demanda chinesa por aço, garante um fluxo de receita robusto para o país e para suas principais empresas do setor, como a Vale (VALE3).
A Mão Visível de Pequim: O Pacote de Estímulos
Confrontado com uma crise de confiança em seu setor imobiliário e com dados de atividade industrial mais fracos, o governo chinês anunciou um pacote de políticas para reanimar a economia. As medidas incluem a flexibilização das restrições para a compra de imóveis, o incentivo ao financiamento para construtoras e o aumento do investimento em infraestrutura.
O mecanismo é direto: mais construção civil e mais projetos de infraestrutura (como pontes, ferrovias e edifícios) demandam mais aço. Como o minério de ferro é o principal insumo para a produção de aço, a demanda pela commodity é diretamente estimulada por essas políticas.
O Efeito no Preço e as Projeções de Mercado
A resposta do mercado foi imediata. A cotação do minério de ferro, que vinha mostrando volatilidade, encontrou um piso sólido. Atualmente negociada na faixa de US$ 115 a US$ 120 por tonelada, a commodity se beneficia dessa demanda “encomendada” pelo governo.
Analistas do UBS, por exemplo, projetam que o preço deve se manter em uma média de US$ 115/tonelada no restante de 2025. Essa projeção representa um alívio significativo, afastando os temores de um colapso de preços para abaixo de US$ 100, cenário que seria muito prejudicial para os países exportadores.
“A China está, mais uma vez, agindo como a locomotiva dos preços das commodities”, analisa nosso especialista do FIDCnews. “O suporte ao minério de ferro é um alívio direto para o fiscal brasileiro e para o Ibovespa. A mensagem é que, apesar dos problemas estruturais, Pequim não hesitará em intervir para garantir a estabilidade de sua indústria pesada.”
Implicações para o Brasil e o Mercado de Crédito
Um preço de minério sustentado acima dos US$ 100 por tonelada tem um efeito cascata positivo na economia brasileira:
- Receitas de Exportação: Garante a entrada de bilhões de dólares, fortalecendo o superávit comercial e ajudando a estabilizar o câmbio.
- Arrecadação Fiscal: Aumenta o recolhimento de royalties (CFEM) e impostos, beneficiando as contas do governo federal e de estados e municípios mineradores.
- Resultados Corporativos: Impulsiona o lucro de gigantes como a Vale, com impacto positivo no mercado de ações.
Para o mercado de crédito, essa estabilidade é fundamental. A cadeia produtiva da mineração, que envolve milhares de fornecedores de produtos e serviços, tem sua saúde financeira diretamente atrelada à da mineradora. Um fluxo de caixa robusto para as grandes empresas garante a adimplência com essa rede. Os direitos creditórios gerados nessas relações comerciais, que podem lastrear FIDCs multissetoriais ou específicos da indústria, se tornam mais seguros e previsíveis.
Em resumo, enquanto a economia chinesa navega por águas desafiadoras, suas políticas internas de estímulo continuam a ser o principal fator de sustentação para o minério de ferro, proporcionando uma bem-vinda lufada de ar fresco para a economia brasileira.
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