Consultoria alerta que liberar mais dinheiro para a população pode gerar um “choque de consumo” imediato. A alta na demanda pressionaria os preços, obrigando o Banco Central a manter a Selic elevada para controlar a festa.
Parece a notícia perfeita: o governo aumenta a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) e sobra mais dinheiro líquido no salário do trabalhador no final do mês. No entanto, na economia, não existe almoço grátis. Uma análise recente de uma importante consultoria econômica alerta para o “efeito colateral” dessa medida: um possível choque de consumo que pode acordar o dragão da inflação e travar a queda dos juros no Brasil.
Para o mercado financeiro, essa dinâmica é crucial. Ela sugere que o cenário de “dinheiro caro” (Selic alta) pode durar mais do que o previsto, impactando diretamente o custo do crédito para empresas e a rentabilidade dos investidores de renda fixa.
A Mecânica do “Choque de Consumo”
A lógica é simples: se milhões de brasileiros deixam de pagar imposto, eles têm mais renda disponível. A tendência natural é que esse dinheiro extra vá direto para o consumo — seja trocando de carro, reformando a casa ou comprando eletrodomésticos.
O problema surge quando essa vontade de comprar (demanda) cresce mais rápido do que a capacidade das empresas de produzir (oferta).
- Resultado: Quando muita gente quer comprar a mesma coisa ao mesmo tempo, o preço sobe. Isso é inflação.
A consultoria aponta que esse aquecimento repentino da economia pode pressionar os preços de serviços e bens industriais, revertendo o trabalho de controle de inflação feito até agora.
A Resposta do Banco Central: O Freio de Mão dos Juros
O Banco Central (BC) tem um mandato principal: controlar a inflação. Se a isenção do IR injetar ânimo demais nos preços, o BC será forçado a reagir. A principal ferramenta para esfriar uma demanda excessiva é a taxa de juros (Selic).
- Juro Alto: Torna o crediário mais caro e incentiva a poupança, desestimulando o consumo.
Portanto, a “boa notícia” da isenção pode ter como contrapartida a manutenção da Selic em patamares elevados (como os atuais 9% ou mais) por muito mais tempo, para evitar que a inflação saia do controle.
O Que Isso Significa para o Investidor de FIDC?
Para quem investe em FIDC e crédito privado, esse cenário de “cabo de guerra” entre estímulo fiscal e aperto monetário traz duas leituras:
- Rentabilidade Protegida: Se a Selic tiver que ficar alta para combater a inflação gerada pelo consumo, os FIDCs pós-fixados (que rendem CDI + spread) continuarão pagando ótimos retornos nominais. O investidor segue ganhando bem na renda fixa.
- Risco de Inadimplência: Por outro lado, um “choque de consumo” pode levar famílias a se endividarem além da conta. Se os juros permanecerem altos, a dívida do cartão de crédito e do financiamento fica impagável.
- Gestores de FIDCs de varejo e cartão de crédito precisarão monitorar de perto a capacidade de pagamento desse consumidor que, empolgado com a isenção do IR, pode dar “o passo maior que a perna”.
“A isenção de IR é um estímulo na veia da economia”, conclui nosso analista do FIDCnews. “Mas para o mercado de crédito, ela exige cautela. O ganho de curto prazo no consumo pode virar dor de cabeça inflacionária no médio prazo, mantendo o custo do dinheiro nas alturas.”
Fontes de Pesquisa:
- InfoMoney: “Isenção de IR pode levar a ‘choque de consumo’ e puxar inflação e juro, diz consultoria”













