Lucro do Banco do Brasil Cai e Confirma “Sinal Vermelho” no Agro: Banco Eleva Provisões para Calotes

Balanço do 3º trimestre do maior credor do agro revela queda de 6,6% no lucro, para R$ 3,8 bi, resultado direto do aumento nas provisões (PDD) para cobrir o risco crescente de inadimplência no campo.

O que até agora eram sinais de alerta vindos do campo — quebra de safra, preços baixos, produtores endividados — acaba de se materializar no balanço do maior banco do país. O Banco do Brasil (BB) reportou um lucro de R$ 3,8 bilhões no terceiro trimestre, uma queda de 6,6% na comparação anual, um número que veio abaixo das expectativas do mercado.

A causa da queda não foi uma surpresa para quem acompanha a economia real: o banco foi forçado a aumentar drasticamente sua Provisão para Devedores Duvidosos (PDD), o dinheiro que a instituição separa para cobrir potenciais calotes, especialmente de operações ligadas ao agronegócio. Em suma, o balanço do BB é a primeira evidência contábil, em escala bilionária, de que a crise de rentabilidade no campo está se transformando em risco de crédito real.

A Conta Chegou: Da Lavoura ao Balanço do Banco

O resultado do BB é a confirmação financeira de tudo o que temos reportado:

  1. A Crise de Preços: Cobrimos a queda do preço do trigo e a piora na relação de troca da soja.
  2. O Risco Climático: Analisamos o atraso no plantio e a ameaça de quebra de safra pela seca.
  3. A Crise de Custo: Vimos produtores sofrendo com custos altos e receita em queda.

Agora, o Banco do Brasil, por ser o principal financiador do setor, é o primeiro a “acusar o golpe” em seu balanço. O aumento das provisões não é uma escolha, é uma obrigação regulatória. Significa que os modelos de risco do banco identificaram que uma parte significativa de sua carteira de crédito rural tem um risco maior de não ser paga.

“O balanço do Banco do Brasil é o canário na mina de carvão para o crédito do agronegócio”, analisa nosso especialista do FIDCnews. “Se o BB, com toda a sua capilaridade, histórico e ferramentas de gestão de risco, está tendo que provisionar perdas bilionárias, imagine o risco que está embutido em operações de crédito menos estruturadas.”

Implicações Diretas para o Investidor de Fiagro e FIDC

O balanço do BB é um divisor de águas e serve como um alerta máximo para todo o mercado de crédito privado.

  • Risco Reprecificado: O maior player do mercado acaba de dizer, em números, que o risco do crédito agro aumentou. Isso significa que os prêmios (spreads) para todos os ativos de crédito do setor, incluindo Fiagros e FIDCs, deveriam, em tese, subir para compensar esse risco maior.
  • Alerta para Gestores: Gestores de Fiagros e FIDCs lastreados em CPRs, duplicatas de revendas de insumos ou qualquer recebível da cadeia precisam reavaliar imediatamente a qualidade de suas carteiras. Aquele “crédito AAA” do agro pode não ser mais tão “AAA” assim.
  • Aumento da Inadimplência: O que hoje é “provisão” no balanço do BB, amanhã pode ser “inadimplência” concreta na carteira de um fundo. O risco de default na cadeia (produtor > revenda > indústria) é agora o cenário-base.

“Para o investidor de FIDC, a lição é brutalmente clara”, conclui nosso analista. “A era do crédito fácil e de baixo risco no agro, impulsionada por preços de commodities em alta, acabou. A seletividade, a análise de risco a fundo e a diversificação de devedores e culturas não são mais uma opção, são a única estratégia de sobrevivência.”


Fontes de Pesquisa:

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