Mercado espera crescimento modesto entre julho e setembro, sustentado pelo consumo das famílias e serviços, enquanto a indústria e o agronegócio sentem o peso da Selic elevada e das incertezas climáticas.
A economia brasileira está pisando no freio, mas não parou. Essa é a leitura majoritária do mercado financeiro para o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2025, cujos dados oficiais estão prestes a ser divulgados. As projeções apontam para uma desaceleração no ritmo de crescimento em comparação ao primeiro semestre, um movimento já esperado como efeito colateral da política monetária restritiva (Selic em 9%) mantida pelo Banco Central para controlar a inflação.
Para o investidor e o mercado de crédito, o cenário é de um “pouso suave”. A economia não está em recessão, mas perdeu tração. O destaque continua sendo a dicotomia setorial: o setor de serviços e o consumo das famílias carregam o piano, enquanto a produção (agro e indústria) enfrenta dificuldades.
O Cabo de Guerra: Juros x Consumo
O resultado do PIB será o reflexo de um cabo de guerra.
- De um lado (O Freio): Os juros altos encarecem o crédito para investimentos e capital de giro, afetando a indústria e a construção civil. Além disso, o agronegócio, como vimos nas análises anteriores, sofre com quebras de safra e margens apertadas, deixando de contribuir com a pujança vista em anos anteriores.
- Do outro (O Motor): O mercado de trabalho aquecido e a massa salarial em alta (impulsionada também pela recente discussão sobre isenção de IR) mantêm o consumo das famílias forte. É o brasileiro indo ao shopping, ao restaurante e viajando que impede uma desaceleração mais brusca.
“O PIB do terceiro trimestre mostra uma economia resiliente, mas cansada”, analisa nosso especialista do FIDCnews. “Os juros altos estão fazendo o seu trabalho de esfriar a atividade, mas o ímpeto de consumo do brasileiro é difícil de domar.”
O Que Isso Significa para o Mercado de FIDCs?
Essa leitura do PIB desenha um mapa de risco e oportunidade muito claro para a indústria de fundos de crédito:
- FIDCs de Varejo e Consumo: Devem continuar performando bem em termos de volume. O consumo das famílias sustenta a originação de crédito (cartões, crediário). O risco aqui é o superendividamento, mas a atividade econômica garante, por ora, a renda para o pagamento.
- FIDCs da Indústria e Agro: Exigem cautela redobrada. Com o PIB desses setores andando de lado ou caindo, a saúde financeira das empresas (sacados) piora. O risco de alongamento de prazos ou inadimplência em duplicatas industriais e CPRs é maior.
- Sinalização para a Selic: Um PIB que desacelera, mas não para, valida a estratégia do Banco Central de manter os juros onde estão. Não há colapso que exija cortes de emergência, nem superaquecimento que exija altas drásticas. Para o investidor de renda fixa, isso reforça o cenário de CDI estável e atrativo.
Em resumo, o número do PIB deve confirmar que o Brasil cresce, mas de forma desigual. Para o gestor de crédito, entender quais setores estão impulsionando esse crescimento e quais estão ficando para trás é o segredo para alocar capital com segurança.
Fontes de Pesquisa:
- InfoMoney: “Projeção do PIB do terceiro trimestre de 2025”













