Preço do Café Deve Subir para o Consumidor a Partir da Próxima Semana: Entenda os Motivos

Repasse da alta de custos de produção e o impacto de safras menores, afetadas pelo clima, chegam à gôndola do supermercado. Movimento reflete a pressão sobre toda a cadeia do café.

Prepare o bolso: o cafezinho de todo dia deve ficar mais caro a partir da próxima semana. A indústria de torrefação sinaliza que irá repassar aos supermercados e varejistas a alta nos custos da matéria-prima, um movimento que deve chegar rapidamente ao consumidor final. O aumento é o último elo de uma complexa cadeia de pressão sobre o setor cafeeiro, que enfrenta os efeitos de safras impactadas pelo clima e a persistência de custos de produção elevados.

Para o mercado, a alta de preços na ponta é um indicador da volatilidade e dos desafios enfrentados no campo. Embora possa beneficiar produtores que conseguiram uma boa colheita, a notícia também embute os riscos de um setor que opera sob constante incerteza, um fator crucial para a análise de crédito da cadeia.

Da Lavoura à Xícara: Os Vetores da Alta

O aumento que o consumidor sentirá na gôndola não é um fato isolado, mas o resultado de diversos fatores que vêm se acumulando:

  1. Quebra de Safra: Condições climáticas adversas em importantes regiões produtoras do Brasil, como geadas ou secas prolongadas nos últimos ciclos, resultaram em uma oferta de grãos menor do que o esperado. Com menos produto no mercado, o preço da saca de café sobe para a indústria.
  2. Custos de Produção: O produtor rural ainda lida com o alto custo de insumos essenciais, como fertilizantes e defensivos. Esse aumento de despesa é inevitavelmente repassado no preço de venda do grão.
  3. Mercado Externo: A cotação do café nas bolsas de Nova York (Arábica) e Londres (Robusta/Conilon) é influenciada pela oferta e demanda globais. A valorização do dólar também encarece o custo de reposição para a indústria local, que compete com os exportadores pela matéria-prima.

O Cenário de Risco para o Crédito no Setor

A dinâmica de preços do café cria um cenário complexo para a análise de crédito. A alta na cotação da saca é, a princípio, uma excelente notícia para a receita do cafeicultor. No entanto, o motivo por trás da alta — a quebra de safra — revela a outra face da moeda.

“A alta do café na prateleira é a ponta do iceberg. Por baixo, temos um setor que enfrentou severas dificuldades de produção”, analisa nosso especialista do FIDCnews. “Para o mercado de crédito, como os Fiagros, o cenário é ambíguo. O produtor que teve a sorte de colher uma boa safra se beneficia dos preços e se torna um devedor de melhor qualidade. Já aquele que perdeu a produção para o clima, pode entrar em um ciclo de endividamento.”

Isso significa que a análise de risco para um FIDC ou Fiagro lastreado em CPRs de café precisa ser extremamente criteriosa, avaliando não apenas o preço da commodity, but a capacidade de entrega real de cada produtor na carteira.

Em resumo, o aumento no preço do café na próxima semana é um reflexo direto dos desafios da produção agrícola. Ele evidencia a vulnerabilidade do setor a fatores climáticos e macroeconômicos e serve como um lembrete para o mercado de crédito sobre a importância de uma diligência aprofundada ao financiar uma das cadeias mais importantes e voláteis do agronegócio brasileiro.


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